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Tiroteio em Utrecht, Holanda. Quais foram as principais ações e o que podemos aprender?

Atualizado: 2 de abr. de 2019

A Holanda viveu momentos de terror durante o mês de Março, quando na 24 Oktoberplein, um atirador de 37 anos, de origem turca, abriu fogo contra diversas pessoas em um bonde (tram - transporte muito comum e utilizado por todos os holandeses em diversas cidades), resultando na morte de 3 pessoas, ferindo gravemente outras 3 e deixando uma população em pânico por conta da incerteza, pois o atirador conseguiu evadir-se do local por diversas horas. De maneira absolutamente eficiente (confesso que até surpreendente, quando levamos em consideração que a cidade de Utrecht está na quarta colocação em termos demográficos atrás de Haia, Rotterdam e Amsterdam), as forças de segurança pública e primeiros socorros foram extremamente rápidos em sua resposta à emergência. Algumas ações de destaque:

  • A polícia e o governo usaram suas contas nas redes sociais para pedir e passar informações;

  • As escolas foram orientadas a fechar suas portas, e a polícia aumentou a segurança nas infraestruturas vitais;

  • As mesquitas foram esvaziadas;

  • De imediato, o prefeito de Utrecht pronunciou-se e confirmou apenas as informações, as quais haviam sido confirmadas até então, enquanto demonstrava - de maneira sincera (extremamente importante) - condolências para com as vítimas;

  • O Primeiro-Ministro e a Família Real da Holanda também se pronunciaram de maneira objetiva, mas com muita sensibilização pelas vitimas - regra básica de Gestão de Crise;

  • A policia fez um excelente trabalho de isolamento da área, enquanto os primeiros socorros realizavam os atendimentos dos diversos feridos. Também foi informado à população que o nível de alerta teria sido elevado ao nível máximo, e que o toque de recolher seria recomendado até segunda ordem;

  • Os perfis nas redes sociais (Twitter) da polícia, prefeitura e do principal canal de notícia da Holanda estavam todos alinhados. Inclusive, uma das principais redes de televisão da Holanda “NOS” fez questão de desmentir as fake news e confirmaram as últimas informações compartilhadas pelas fontes oficiais e confiáveis;

  • Informações eram disponibilizadas também em inglês, pois na Holanda, a maioria da população fala holandês e inglês;

  • As informações sobre o transporte público na cidade + Amsterdam eram atualizados constantemente, devido ao alto fluxo de passageiros e o receio de novos ataques;

  • A Polícia Militar Real também ajudou nas operações enviando efetivo ao principal aeroporto da Holanda em Amsterdam, Schiphol;

  • Instituições privadas enviaram aos seus funcionários informações das ruas, as quais estavam bloqueadas e pediram que seguissem as instruções das forças militares. Além da comunicação interna, algumas empresas verificaram se seus funcionários estavam bem - incluindo os viajantes (duty of care) e pediram para que todos evitassem exposição às ruas, conforme orientação do governo (até o nível de alerta ser reduzido).

  • A policia, através do seu site oficial e redes sociais disponibilizaram as informações sobre o suspeito e o possível veiculo utilizado, e de imediato, forneceram um número específico para que a população entrasse em contato, caso tivesse qualquer informação;

  • O Governo holandês, através do site do Ministério da Justiça, também disponibilizou informações para que a população obtivesse atualizações em tempo real, além de possibilitar o envio de diretrizes de resposta à emergência através de alarmes via celulares - serviço disponível nos celulares IOS;

  • Ao ser preso, o suspeito foi levado pela polícia e o toque de recolher foi suspendido, além do nível de alerta ter sido reduzido novamente.


Conclusão:

A gestão desta crise demonstrou uma coordenação extremamente eficaz entre governo, forças militares, canais midiáticos e a população, que através dos diversos perfis oficiais em redes sociais, foi possível manter a população e a mídia internacional informadas a todo momento.

Ao meu ver, o nosso querido Brasil ainda tem MUITO A APRENDER com os países que possuem o alinhamento entre as forças militares. Obs: No dia seguinte, sem a solicitação da presença da mídia local, o Primeiro-Ministro, Mark Rutte, esteve com sua equipe no local do incidente para deixar flores e falar com quem participou da resposta operational à emergência.


*O suspeito foi detido horas depois, e acusado de homicídios múltiplos e ato terrorista.


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